Japão acha quase 2 mil corpos no litoral de Miyagi, diz agência
Segundo policial, mortos foram encontrados em província; se informação for confirmada, nº de mortos seria de 3,8 mil
Uma maré de corpos apareceu na área costeira do Japão nesta segunda-feira, enquanto crematórios estão cheios e equipes de resgate ficam sem sacos para corpos e o país enfrenta a dura realidade de uma crise humanitária, econômica e nuclear depois de um terremoto seguido de tsunami na sexta-feira.
Milhões enfrentam uma quarta noite sem água, alimentos ou aquecimento em temperaturas quase congelantes no devastado nordeste do país. Enquanto isso, um terceiro reator na usina nuclear de Fukushima perdeu sua capacidade de resfriamento, aumentando os temores de um derretimento.
Cerca de 2 mil corpos foram encontrados nesta segunda-feira no litoral oriental de Miyagi, no nordeste do Japão), três dias depois do terremoto de 8,9 graus que atingiu o Japão, informou uma fonte policial sem se identificar. Segundo a agência oficial Kyodo, cerca de 1 mil corpos foram achados na Península de Ojika, enquanto outros 1 mil na cidade de Minamisanriku.
A descoberta elevaria o número de mortos para cerca de 3,8 mil, mas um chefe policial de Miyagi disse que há a estimativa de que mais de 10 mil morreram só nessa província, que tem 2,3 milhões de habitantes. No entanto, alguns meios de comunicação acreditam que é possível que muitos dos desaparecidos tenham conseguido escapar do tsunami para a vizinha localidade de Tome, também em Miyagi. De acordo com as autoridades, há oficialmente 1,4 mil desaparecidos e 1,9 mil feridos.
A informação sobre o aumento do número de mortos ocorre enquanto o Japão luta para evitar uma crise nuclear depois que três reatores da usina atômica de Fukushima apresentaram problemas. Na sexta-feira, haviam sido encontrados entre 200 e 300 corpos também em Miyagi, que ainda têm de ser recuperados pelas equipes de resgate e não constam do número oficial de mortos.
Cerca de 100 mil militares na operação de salvamento continuam vasculhando a região em busca de vítimas presas sob os escombros ou arrastadas mar adentro pela onda gigante de dez metros de altura que se seguiu ao terremoto.
Em muitos núcleos urbanos, como a cidade de Sendai, continuam aparecendo corpos nas praias e o trabalho das equipes de resgate se vê dificultado pelas constantes réplicas e a magnitude da devastação causada pelo terremoto, o maior da história do Japão.
Mais de 400 mil habitantes foram retirados por causa do desastre, a maior crise do Japão desde a Segunda Guerra Mundial, segundo o primeiro-ministro japonês, Naoto Kan.
A Agência Meteorológica japonesa indicou na noite de domingo que há 70% de possibilidades que até quarta-feira ocorram abalos secundários de até 7 graus, e várias embaixadas recomendaram a seus cidadãos não viajar para o Japão.