Família aguarda liberação de corpo de modelo morta em Lisboa

A família da modelo capixaba Jeniffer Corneau Viturino, 17, que morreu ao cair do 15º andar do apartamento do namorado, um empresário português de 31 anos, na sexta-feira (8), em Lisboa, ainda aguarda a liberação do corpo da jovem.
Às 18h20 --22h20 no horário local--, um médico forense do INML (Instituto Nacional de Medicina Legal) de Lisboa disse que o corpo permanece no instituto, para onde foi levado depois da queda. Ele não tem autorização para dizer se a autópsia já foi realizada.
Uma amiga da família informou nesta segunda-feira que os parentes de Jeniffer continuam ansiosos e sem novas informações da polícia. 

A investigação é conduzida pela Polícia Judiciária de Lisboa --equivalente à Civil, no Brasil--, que afirmou hoje à Folha que as apurações das circunstâncias da queda "estão em segredo de Justiça". Nada foi revelado pelas autoridades. 

O irmão da modelo, Johnatan Viturino, 19, contou ontem que a polícia disse à mãe, Solange Corneau, 39, que o corpo da jovem apresentava marcas. Segundo o jornal português "Correio da Manhã", a polícia trabalha com as hipóteses de suicídio e homicídio. 

"Não vimos o corpo ainda, porque só vai ser liberado depois da autópsia, mas a polícia falou para minha mãe que ele tinha escoriações e hematomas. O suicídio não entra na cabeça de ninguém, mas temos que esperar pela Polícia Judiciária." 

Apesar das dúvidas a respeito do suicídio da modelo, Jeniffer deixou um bilhete, segundo a mãe dela, no qual pedia perdão à família e dizia estar "cansada". O bilhete afirmava ainda que a jovem se sentia culpada pelo relacionamento com o empresário não ter dado certo. 

Solange disse ontem, no entanto, que, apesar do bilhete ser da filha, a caligrafia e a assinatura "pareciam alteradas". 

O namorado da modelo não foi localizado pela reportagem. Ele é proprietário do apartamento de luxo no 15º andar da Torre de São Rafael, de onde a modelo caiu, e, segundo a família dela, estava no apartamento na hora da queda. 
 O irmão de Jeniffer afirmou ontem que vai solicitar ao Consulado do Brasil em Lisboa que policiais brasileiros também possam acompanhar as investigações. A reportagem apurou que, para isso acontecer, o governo brasileiro precisa julgar como necessária essa participação e solicitá-la ao governo português, que tem a última palavra e pode indeferir o pedido. 

Uma autoridade disse que Brasil e Portugal têm boas relações diplomáticas e cooperam periodicamente em investigações policiais --sobre tráfico de drogas e de pessoas, por exemplo--, e que uma cooperação policial pode, potencialmente, acontecer, mas causaria mal-estar entre os governos se o Brasil não demonstrasse confiança nas investigações portuguesas. 

Jeniffer começou a carreira de modelo assim que se mudou para Portugal, aos 14 anos, e fazia atualmente um curso técnico preparatório para engenharia. 

De acordo com a mãe dela, seu último desfile foi na quarta-feira (6), para a marca Gardenia. Ela já foi capa de revista e venceu o concurso de Miss Póvoa em 2009 --num povoado próximo a Lisboa.
Para Andréia Aparecida Mauricio, 30, amiga da família, a modelo estava em momento de ascensão na carreira, e causa estranheza que ela tenha se matado agora. 

"O que ela mais queria ela estava conseguindo. Quem a conheceu sabe que ela jamais teria coragem de fazer isso com a própria vida, ainda mais agora que a carreira estava deslanchando e depois que elas [a jovem e a mãe] investiram muito dinheiro e tempo nisso." 

De acordo com o jornal português "Correio da Manhã", as câmeras do prédio do empresário português registraram que, além dele e da namorada, uma segunda mulher entrou no apartamento, na companhia deles, na véspera da morte. A polícia não se pronuncia